terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ofertório

REFLEXÕES SOBRE O OFERTÓRIO

O primeiro grande momento da celebração litúrgica da Eucaristia isto é, da Santa Missa, é formado pela convocação, a Liturgia da Palavra com as leituras, a homilia e a oração universal ou oração dos fiéis.
Em seguida tem início a Liturgia Eucarística.
A apresentação das oferendas (o ofertório): trazem-se então ao altar, por vezes em procissão, o pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote em nome de Cristo no sacrifício eucarístico, e ali se tornarão o corpo e o sangue de Cristo este é o próprio gesto de Cristo na Última Ceia, “tomando pão e um cálice”. Esta oblação, só a Igreja a oferece, pura, ao criador, oferecendo-lhe com ação de graças o que provém de sua criação”.
A apresentação das oferendas ao altar assume o gesto de Melquisedec e entrega os dons do criador nas mãos de Cristo, é ele que, em seu sacrifício, leva à perfeição todos os intentos humanos de oferecer sacrifícios.
Desde os inícios, os cristãos levam, com o pão e o vinho para a Eucaristia, seus dons para repartir com os que estão em necessidade, este costume da coleta, sempre atual, inspira-se no exemplo de Cristo que se fez pobre para nos enriquecer:
Os que possuem bens em abundância e o desejam dão livremente o que lhes parece bem, e o que se, recolhe é entregue àquele que preside. Este socorre órfãos e viúvas e os que, por motivo de doença ou qualquer outra razão, se encontram em necessidade, assim como os encarcerados e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele toma sobre si o encargo de todos os necessitados.

(Catecismo da Igreja Católica)

"O ofertório significa a preparação do altar e dos elementos necessários ao Sacrifício Eucarístico.
O pão e o vinho são oferecidos enquanto a assembléia canta algo que deve exprimir oblação, além do pão e do vinho há celebrações nas quais se levam outras dádivas ao altar, destinadas aos irmãos carentes ou símbolos da vida cotidiana dos oferentes. É preciso que através destes gestos se guarde sempre a consciência de que os fiéis se oferecem ou oferecem a sua vida; não assuma este tipo de oferenda o aspecto de cerimônia folclórica."
- "Neste sacramento do pão e do vinho, da comida e da bebida, tudo o que é humano sofre uma singular transformação e elevação."

(João Paulo II - Mistério e culto da Santíssima Eucaristia 7)

- No momento do ofertório oferecemos os "frutos da terra e do trabalho do homem”.
- "O homem, criado a imagem de Deus, participa mediante o seu trabalho na obra do Criador." (João Paulo II)
- Jesus mesmo era homem do trabalho. “Não é ele o carpinteiro?” (Mc 6,2) diziam admirados seus concidadãos de Nazaré.
- "Todo o trabalho, seja ele manual ou intelectual, anda inevitavelmente ligado a fadiga.
O suor e a fadiga, que o trabalho comporta necessariamente na presente condição da humanidade, proporcionam aos cristãos e a todo o homem, dado que todos são chamados a seguir a Cristo, a possibilidade de participar no amor a obra que o mesmo Cristo veio realizar.
No trabalho humano, o cristão encontra uma pequena parcela da cruz de Cristo e aceita-a com o mesmo Espírito de redenção com que Cristo aceitou por nós a sua cruz.
E, graças à luz que, emanando da ressurreição do mesmo Cristo, penetra dentro de nós, descobrimos sempre no trabalho um vislumbre da vida nova, do novo bem, um como que anúncio dos 'céus novos e da nova terra, os quais são participados pelo homem e pelo mundo precisamente mediante o que há de penoso no trabalho’.
O cristão que está atento em ouvir a Palavra de Deus vivo, unindo o trabalho à oração, procure saber que lugar ocupa o seu trabalho não somente no progresso terreno, mas também no desenvolvimento do Reino de Deus, para o qual todos somos chamados pela potência do Espírito Santo e pela palavra do Evangelho."

(João Paulo II - O Trabalho Humano 27)

A celebração eucarística comporta sempre: a proclamação da palavra de Deus, a ação de graças a Deus pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom do seu Filho, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do Corpo e do Sangue do Senhor. Estes elementos constituem um só e mesmo ato de culto. (Catecismo da Igreja Católica)
Para refletir:
1) Antes do ofertório o celebrante mistura água no vinho a ser consagrado. Esse gesto simboliza a natureza humana unida à natureza divina no mistério da encarnação. Simboliza também a participação dos cristãos na natureza divina, os quais se tornam filhos de Deus pelo Batismo.
A gota d'água que o sacerdote derrama no vinho a ser consagrado simboliza a participação de todos aqueles que se oferecem com o Cristo ao Pai.
2) No momento do Ofertório o fiel deve trazer ao altar seu trabalho, suas alegrias, suas esperanças, enfim, sua vida inteira.
Assim como o pão e o vinho pelo poder de Deus se converterão no Corpo e no Sangue de Jesus, toda a nossa vida será transformada pela ação de Deus se nos entregarmos em Suas mãos.

Ofertório

Chama-se «ofertório» – «tempo ou acção de oferecer» – à parte da Missa em que, depois da Liturgia da Palavra, se preparam o altar e os dons para a liturgia eucarística.
A introdução ao Missal Romano descreve os diversos elementos do Ofertório: a procissão dos dons para o altar, as orações da sua apresentação, a colecta na comunidade, o canto do Ofertório, o incenso, o lavabo e a oração sobre as oblatas (cf. IGMR 72-77).
Esta estrutura conheceu evoluções muito notórias, ao longo da história:
No século II, o testemunho de Justino (na sua Apologia, por volta de 150) descreve este momento de um modo muito simples: apresenta-se, àquele que preside sobre os irmãos, pão e uma taça de água e vinho misturado: depois de o receber, eleva ao Pai de todas as coisas louvor e glória.
Nos séculos seguintes, foram-se desenvolvendo alguns aspectos, sobretudo a procissão dos dons por parte dos fiéis, a coleta em favor da Igreja e dos pobres, cantos de ofertório e várias orações pessoais ou apologias com as quais o sacerdote professa a sua indignidade diante do santo Mistério a que vai presidir.
O Missal de Paulo VI não chama ofertório a este espaço, mas, com mais propriedade, preparação das oferendas ou preparação dos dons, e suprimiu algumas das orações pessoais, como a “Suscipe sancta Trinitas”, diminuindo assim o tom excessivamente ofertorial que se tinha acrescentado a este momento e recordando que a verdadeira oferenda, e, portanto, o ofertório da Missa, não é o do pão e do vinho, mas o do Corpo e do Sangue de Cristo, e isso acontece dentro da Prece Eucarística: «Celebrando, agora, Senhor, o memorial […] nós Vos oferecemos o pão da vida e o cálice da salvação.»
Por isso também, nas traduções das orações de apresentação do pão e do vinho, se há de evitar traduzir o «offerimus», que aparece em latim, pelo «vos oferecemos», reservando esta expressão para a outra oblação, dentro da Prece Eucarística: aqui usa-se «Vos apresentamos», nas diversas línguas.
Contudo, tem também sentido que o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho, assim como o dinheiro ou outros dons para os pobres e para a Igreja, se apresentem com intenção ofertorial, não só como algo funcional e prático, mas também simbólico, a modo de preparação e de incorporação pela parte dos fiéis à oferenda sacrificial que de si mesmo fez Cristo na cruz e que se atualiza na Eucaristia. Assim, a Igreja, ao mesmo tempo que oferece a Deus Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada, deseja que os fiéis aprendam a oferecer-se também a si mesmos.
Sem adiantar idéias próprias da Prece Eucarística, exprime-se que, de um modo simbólico, já começa aqui a nossa inserção no ofertório de Cristo e da Igreja. A mesma intenção têm as orações pessoais que ficaram: a da mistura da água e do vinho, o “in spiritu humilitatis” e a do lavabo do sacerdote.
Assim, o pão e o vinho são símbolo dos fiéis e da sua existência, que se une à oferenda de Cristo.


Textos extraídos de diversos “sites” que falam sobre o dízimo e o ofertório, onde muitos, infelizmente não mencionam seus autores.

Por: Claudenir Pinho Calazans