domingo, 31 de agosto de 2008

Catequese e Dízimo



CATEQUESE E Dízimo, publicada em: 21/07/2008 - Pe. Jerônimo Gasques




As impressões sempre ficam arquivadas naquelas notas que selecionamos ou tomamos contato para a leitura. Muitas vezes, nos trabalhos de catequese, tanto em particular como em trabalhos de equipe verificamos certa falta de reparo pastoral de nossos catequistas em relação à opção pelo dizimo. O que segue é fruto-resultado de alguns encontros que promovemos com catequistas para falarmos sobre a importância do dizimo na vida da comunidade.
Vejamos estas respostas, em síntese, de alguns encontros com catequistas. Separamos as principais, pois algumas respostas não tinham sentido algum. Depois faremos algumas observações pertinentes às respostas para apreciarmos os conteúdos. Foi trabalhada a pergunta “o que é o dízimo para você?”. Melhoramos a redação de algumas respostas. As respostas dos grupos foram, aqui, enumeradas para facilitar a identificação. Veja a síntese:
1- devolver a Deus o que ele nos dá;
2- é uma forma de contribuição dos fies à paróquia;
3- é uma retribuição ao próprio Deus por tudo o que ele nos dá e que podemos repartir;
4- o reconhecimento do amor de Deus por nós;
5- devolver um pouco do muito que ele nos dá;
6- uma forma de agradecimento por tudo que ele nos concede;
7-Deus dá o trabalho para nós e devolvemos uma parte para o crescimento da comunidade;
8- é uma parcela de colaboração por tudo que Deus nos dá gratuitamente;
9- dízimo é uma contribuição espontânea dada de coração como dedicação a Deus;
10- dízimo também é o que você pode dar. Por exemplo: os dez por cento para quem pode e os que não podem um pouco daquilo que puder;
11- retribuição das bênçãos mensais;
12- é uma devolução a Deus daquilo que ele nos dá para manter a igreja;
13- não é só doar dinheiro, pode ser também doações através de cestas básicas ou do que o próximo estiver precisando;
14- uma parcela do pagamento que recebemos;
15- é uma contribuição à igreja para implementar melhorias e ajudar nas despesas;
16- através de nosso dizimo estamos cumprindo com nossa parte de responsabilidade para com a sobrevivência de nossa paróquia;
17- dízimo é um ato de amor a Deus por tudo o que ele nos dá. Retribuição;
18- é doação, não é sobra. É partilha;
19- poder colaborar com a igreja. Quem pode colaborar? Nem todos podem (!).
Gostaram das repostas?
A maioria delas nem passou de raspão nos textos bíblicos referentes ao dízimo. Isso denota a falta de preparação dos catequistas ao se entender o dizimo. Imaginem estes falando sobre o dízimo nos encontros de catequese!
A maioria é de repostas evasivas. Como que lançadas ao leu. Uma necessidade de simplesmente responder. Aqui, você faria um bom exercício tentando identificar aquela resposta mais interessada ao texto bíblico.
O que mais chamou a atenção foi a falta de referencia à Palavra de Deus. Em nenhuma resposta houve a preocupação de uma citação sequer. Isso se torna grave devido ao fato de que as respostas vêm de catequistas que, cuja função, seria de trazer a tona a Palavra de Deus na catequese ou nos encontros de catequese com feitio de formação. Podemos concluir que a catequese, na maioria das vezes, é simplesmente doutrinaria.
Mais ou menos podemos deduzir algumas conclusões.
Os grupos, também, expressaram certo derrotismo nas repostas (cfr. 10 e 19). Bem encaixada em algumas atitudes da maioria que assim pensa. A catequese sempre expressa àquilo que vai no coração do catequista. Com certeza, estes, não conseguiram fazer o caminho do dízimo em sua vida. Ainda guardam os mesmos sentimentos comuns da maioria dos católicos. Por terem chegado ao estagio de catequistas poderiam ser diferentes.
As respostas evasivas e sem contextualização são as mais comuns (cfr. 1,2,5,9,17,18). Para citar a maioria delas. Estas respostas não expressam nada de importante, apenas o que as pessoas, em geral, dizem quando abordadas para falar sobre o dízimo. São respostas que não afirmam nenhum compromisso com a comunidade. Nada se refere à experiência de Deus na vida cristã. As respostas expressam o contexto de desinteresse dos agentes de catequese.
Algumas se aproximam dos textos bíblicos sobre o dizimo (cfr. 1,3a,11). Isso é o máximo que podemos observar mas, ainda mesmo, com ressalvas. O grupo começava bem mas tinha que completar com um “e” indicando certa duvida na afirmação (cfr. a 3). Com certeza o grupo encontrou resistência ao firmar algo sumamente positivo. Faltava-lhe a convicção necessária para a opção madura. Podemos ate, inclusive, afirmar que a maioria não é dizimista.
Com este quadro, em mãos, podemos retirar varias conclusões e tomar algumas atitudes positivas da nossa situação. Para observar, verifique:
1- A catequese necessita de formação sobre o dizimo;
2- Os catequistas necessitam fazer a experiência do dizimo em sua vida cristã;
3- Ter (mais) convicção naquilo que abordam nos encontros de catequese com crianças e adolescentes;
4- Conhecer a Palavra de Deus no que tange ao dizimo;
5- Repensar a reflexão sobre o dizimo na vida da igreja;
6- Cuidar-se para não transmitir uma idéia derrotista sobre a participação na comunidade;
7- A fidelidade ao dizimo a todo custo. O dízimo pesa, certamente;
8- Retirar e observar os preconceitos sobre a questão dinheiro na igreja. A maioria sempre relaciona o dízimo com dinheiro;
9- Pensar diferente dos demais membros da comunidade quanto ao dízimo. Aqui esta a diferença;
10- Cuidar-se para não fazer do dízimo uma opção melancólica, triste e mesquinha;
11- Refletir o dízimo positivamente. O pior dizimista é aquele triste e sem expressão de contentamento pela oferta;
12- Crescer na experiência de Deus. Experimentar o dízimo de forma bíblica e não superficialmente;
13- Cuidar para que o dízimo na comunidade seja aberto e todos possam participar dos resultados. Nada do dízimo encruado, reservando o resultado somente para alguns. Necessidade de transparência na administração do mesmo;
14- Evitar em falar das dificuldades em colaborar para não se dar a idéia de coitadinho e que nunca pode colaborar na comunidade. Muitos se comportam assim;



O dízimo não tem limite. Ele sempre será eficiente na comunidade quando a mesma se dispõe a fazer a experiência de Deus. Quanto mais dizimo houver, mais coisas têm para se fazer (trabalho pastoral, pastoral social, liturgia, reformas e etc.).